
de Tróia começou então. Ácamas participou nela, assim como o seu irmão Demofonte, na esperança de libertar a sua avó. Ácamas passa, mesmo, por ter sido um dos numerosos guerreiros que se esconderam no interior do cavalo de madeira. Obtida a vitória, resgatadas Helena e Etra - esta última graças aos seus netos que a reconheceram no meio dos cativos dos Gregos - Ácamas regressa à Ática. À morte de Menesteu, irá recuperar o trono de Atenas, que ocupará com grande sabedoria. (As aventuras de Ácamas são, por vezes, atribuídas ao seu irmão, Demofonte.)
Adónis 1,
A lenda, de origem síria, conta que a rainha da Síria tinha uma filha, Mirra (ou Esmirna), que ela admirava tanto, a ponto de a proclamar superior em beleza à própria deusa da beleza. Afrodite não gostou e decide vingar-se, inspirando a Mirra um amor criminoso pelo seu próprio pai. Assim, a jovem, com a cumplicidade da sua ama, consegue introduzir-se, de noite, incógnita, no leito do rei e unir-se com ele. Ter-se-á este apercebido da burla, exprimindo então a intenção de
condenar a sua filha à morte, ou terá sido Mirra, que fugiu, envergonhada, após a consumação do incesto? Qualquer que seja a resposta, a verdade é que os deuses tiveram piedade da jovem e decidiram transformá-la numa árvore: a árvore da mirra, cujas gotas não são senão as lágrimas da própria Mirra. Nove meses mais tarde, a crosta da árvore estalou, e dela saiu uma criança de extraordinária beleza: quem a voltasse a nomear não deveria dar-lhe outro nome senão o de "belo Adónis". (De uma palavra semítica que significa "senhor".) As ninfas adoptaram-no e educaram-no no meio da natureza. Um dia, Afrodite viu-o e - vingança justa de Mirra - experimentou por ele toda a violência do desejo, imediatamente partilhado. O casal tornou-se, a
partir de então, inseparável . Ora Ares, que há muito tempo se encontrava apaixonado por Afrodite, irritou-se com a paixão que uni mortal despertara na deusa do amor. E a fim de eliminar este rival demasiado ditoso, resolveu insuflar-lhe a sede da aventura, a procura do perigo. Foi assim que um dia Adónis, de arco na mão, partiu sozinho para a caça, apesar das súplicas da sua amante. A certa altura da caçada surge-lhe um javali, que investe contra ele, derrubando-o e provocando-lhe uma ferida mortal. Alertada por Zéfiro, a deusa precipita-se ao encontro do seu amado, ferindo os pés nas espinhas das rosas brancas que se tingem imediatamente de púrpura. Mas chegou demasiado tarde, não assistindo ao último suspiro do seu jovem amado. Perdida de dor, e para que a lembrança de Adónis e da sua beleza se perpetuassem sobre toda a terra, Afrodite transformou as gotas de sangue que se derramavam da sua ferida mortal, em anémonas. Após este incidente, a deusa criou em homenagem a Adónis uma festa fúnebre, que as mulheres sírias deviam celebrar, em cada Primavera. O rio da Fenícia que banhava Biblos (e a que os Gregos irão chamar Adónis) tomou, a partir deste momento, a cor do sangue (este rio, chamado hoje Nahr-1brahim, recebe as chuvas de terras ferruginosas).
Entretanto, Adónis tinha descido aos Infernos. A sua deslumbrante beleza mantinha-se e a deusa Perséfone, ao vê-lo, apaixona-se imediatamente. Afrodite não consegue suportar esta nova e ainda mais pungente dor. Dirige-se a Zeus e suplica-lhe que intervenha a seu favor. Então, o rei dos deuses decidiu que Adónis viveria um terço do ano nos Infernos, outro terço com Afrodite e que, durante o último terço, seria livre de escolher o seu local de permanência.
Curiosamente, Adónis opta por passar mais este período de quatro meses junto de Afrodite. Da Síria, o culto de Adónis ter-se-á expandido para todo o Oriente, Grécia e bacia do Mediterrâneo. Encarnando o cicio da vegetação, o filho de Mirra desce ao reino dos mortos nos quatro meses de Inverno, para renascer na Primavera. A sua fresca e virginal beleza, exposta à hostilidade de um clima devorador, é votada ano após ano à destruição. Os "Jardins de Adónis" evocam, à sua maneira, a vida brilhante e efémera do favorito de Afrodite (igualmente recordada por mais de uma obra-de-arte: telas de Ticiano, Rubens, Poussin, esculturas de Miguel- Ângelo, Canova, etc.)
(...) continua
Adónis 1,
A lenda, de origem síria, conta que a rainha da Síria tinha uma filha, Mirra (ou Esmirna), que ela admirava tanto, a ponto de a proclamar superior em beleza à própria deusa da beleza. Afrodite não gostou e decide vingar-se, inspirando a Mirra um amor criminoso pelo seu próprio pai. Assim, a jovem, com a cumplicidade da sua ama, consegue introduzir-se, de noite, incógnita, no leito do rei e unir-se com ele. Ter-se-á este apercebido da burla, exprimindo então a intenção de
condenar a sua filha à morte, ou terá sido Mirra, que fugiu, envergonhada, após a consumação do incesto? Qualquer que seja a resposta, a verdade é que os deuses tiveram piedade da jovem e decidiram transformá-la numa árvore: a árvore da mirra, cujas gotas não são senão as lágrimas da própria Mirra. Nove meses mais tarde, a crosta da árvore estalou, e dela saiu uma criança de extraordinária beleza: quem a voltasse a nomear não deveria dar-lhe outro nome senão o de "belo Adónis". (De uma palavra semítica que significa "senhor".) As ninfas adoptaram-no e educaram-no no meio da natureza. Um dia, Afrodite viu-o e - vingança justa de Mirra - experimentou por ele toda a violência do desejo, imediatamente partilhado. O casal tornou-se, a
partir de então, inseparável . Ora Ares, que há muito tempo se encontrava apaixonado por Afrodite, irritou-se com a paixão que uni mortal despertara na deusa do amor. E a fim de eliminar este rival demasiado ditoso, resolveu insuflar-lhe a sede da aventura, a procura do perigo. Foi assim que um dia Adónis, de arco na mão, partiu sozinho para a caça, apesar das súplicas da sua amante. A certa altura da caçada surge-lhe um javali, que investe contra ele, derrubando-o e provocando-lhe uma ferida mortal. Alertada por Zéfiro, a deusa precipita-se ao encontro do seu amado, ferindo os pés nas espinhas das rosas brancas que se tingem imediatamente de púrpura. Mas chegou demasiado tarde, não assistindo ao último suspiro do seu jovem amado. Perdida de dor, e para que a lembrança de Adónis e da sua beleza se perpetuassem sobre toda a terra, Afrodite transformou as gotas de sangue que se derramavam da sua ferida mortal, em anémonas. Após este incidente, a deusa criou em homenagem a Adónis uma festa fúnebre, que as mulheres sírias deviam celebrar, em cada Primavera. O rio da Fenícia que banhava Biblos (e a que os Gregos irão chamar Adónis) tomou, a partir deste momento, a cor do sangue (este rio, chamado hoje Nahr-1brahim, recebe as chuvas de terras ferruginosas).
Entretanto, Adónis tinha descido aos Infernos. A sua deslumbrante beleza mantinha-se e a deusa Perséfone, ao vê-lo, apaixona-se imediatamente. Afrodite não consegue suportar esta nova e ainda mais pungente dor. Dirige-se a Zeus e suplica-lhe que intervenha a seu favor. Então, o rei dos deuses decidiu que Adónis viveria um terço do ano nos Infernos, outro terço com Afrodite e que, durante o último terço, seria livre de escolher o seu local de permanência.
Curiosamente, Adónis opta por passar mais este período de quatro meses junto de Afrodite. Da Síria, o culto de Adónis ter-se-á expandido para todo o Oriente, Grécia e bacia do Mediterrâneo. Encarnando o cicio da vegetação, o filho de Mirra desce ao reino dos mortos nos quatro meses de Inverno, para renascer na Primavera. A sua fresca e virginal beleza, exposta à hostilidade de um clima devorador, é votada ano após ano à destruição. Os "Jardins de Adónis" evocam, à sua maneira, a vida brilhante e efémera do favorito de Afrodite (igualmente recordada por mais de uma obra-de-arte: telas de Ticiano, Rubens, Poussin, esculturas de Miguel- Ângelo, Canova, etc.)
(...) continua